Este texto é uma tradução de um post do blog Cinema Blend.
*Dweebs são algum tipo de nerd.
Aí vai.
Permitam-me começar dizendo que eu não me importei com o primeiro filme de Crepúsculo. Não foi arte, não teve muito a dizer, mas foi divertido em aumentar a temperatura das meninas, e eu achei que isso foi muito divertido. Meninas na mesma fileira que eu citaram falas que sabiam que iam ser recitadas na tela, elas davam risadinhas quando viam Edward, suspiraram na terrível fala “E então o leão se apaixonou pelo cordeiro”. Porém, de alguma forma, eu saí bastante entretido.
Mas então começaram as comparações com Harry Potter. A Mídia declarou em todos os lugares que Crepúsculo era o novo Harry Potter. Eu me perguntei, boquiaberto, como alguém poderia acreditar numa coisa dessas. Potter? Sério? O que eu vi na tela foi novela-lixo para a nação adolescente. Não chegou nem perto do apelo universal que tem a série Harry Potter. Mas agora estou aqui, explicando como uma alegação absurda é menos uma afirmação discutível e mais uma piada, uma piada sem graça, como Will Ferrell tentando patinar no gelo.
Então, por que Potter é melhor do que Crepúsculo? Bem, para começar, não é Crepúsculo. Quanto ao resto, sente-se. Vamos fazer os cálculos.
Christian Undertones > Christian Overtones
É mais do que sabido que a Stephanie Meyer vem de uma origem Mórmon. O mesmo vale para J.K. Rowling e suas origens cristãs. Ambas as escritores exibem suas crenças religiosas com destaque em suas obras, mas de maneiras muito diferentes. Agora vejamos. Eu estou cansado de escritores mostrando suas crenças pessoais em suas obras, mas é como eles fazem isso que importa. A série Harry Potter é repleta de temas cristãos e de alusão. Alguns acreditam que Harry Potter é uma figura de Jesus, perdido na juventude somente para retornar anos depois para lutar contra uma força do mal. Após o seu regresso, ele inicia um movimento e ganha seguidores. E seu futuro? Bem, você terá que ler os livros para descobrir isso, ou esperar até 2011. Mas no final do dia, ele não tem que representar isso. A história funciona independentemente do tema. A série Crepúsculo, por outro lado, trabalha quase exclusivamente como uma campanha para a abstinência e da maldade dos hormônios masculinos. A história trata a sexualidade como uma doença, como um vampiro. Um rapaz que é problema, porque não consegue segurar seu instinto perto de uma garota. Uma garota que não pode evitar ser atraída por esse rapaz. E mais tarde na série? Bem, mais uma vez, você só tem que esperar e ver.
Dweebs > Emos
Os fãs de Harry Potter e de Crepúsculo geralmente vêm de dois mundos muito diferentes. Potter é para dweebs. Crepúsculo é para Emos. Sim, pode-se argumentar que ambas as séries têm diversas categorias de fã que vão entre essa gama de crianças até vovós, mas isso não é divertido. Generalizar é divertido. Emos são “dark”. Eles falam em poesia ruim e prosa excessivamente descritiva. Eles são torturados pelo fato de que seus amores os deixaram de lado, sangrando e sozinhos, morrendo por mais, suspirando para conseguir um pequeno fôlego. Dweebs nunca tiveram amores, pra começar. Eles vão para os cantos mais escuros da escola, para brincar com jogos de bruxos e Dungeons e Dragons. Eles vão para aquela loja estranha no shopping que vende espadas e coisas do Senhor dos Anéis. Eles não só olham em volta, admirados pela existência de tal loja, mas realmente compram coisas. Então acho que ambos os grupos são bastante falhos. Mas pelo menos dweebs geralmente são inteligentes, certo?
Hogwarts > Forks
Não há nenhuma parte de mim que não acredite que Hogwarts exista. Como poderia não existir? Não há nenhuma maneira de Rowling ter inventado tudo aquilo sozinha. Quer seja através dos livros ou através dos filmes, o mundo de Rowling envolve você, te transporta para um universo completamente diferente. Ela criou idiomas, espécies, e uma infinidade de feitiços. Tem tanto detalhe na criação deste mundo que é difícil não se perder nele. Em contrapartida, o mundo que Meyer criou em Forks, no estado de Washington, é exatamente como a verdadeira cidade: meio chata e amena com falta de diversidade. A história de fundo de vampiros é desleixada e meio extravagante, e o pouquinho de história que vemos sobre os lobisomens em Crepúsculo é cansativa e sem imaginação. E isso é tudo. Crepúsculo é claramente menos preocupada em dar-nos um mundo em que possamos viver do que em enfiar uma história de amor entediante pelas nossas goelas.
Fairy Tales > Teen Tales
Uma das ferramentas mais importantes nas artes da literatura e cinema é a alusão. Escritores e roteiristas usam-na o tempo todo. É menos cópia e mais um reconhecimento do que veio antes, o que influenciou as palavras com que você escreve, saber de onde você veio. Você poderia pensar que uma obra como Crepúsculo faz alusões a livros ou filmes prévios que tratam de vampiros e lobisomens, mas Meyer não parece ter lido nenhuma delas, já que suas versões desses monstros raramente estão no mesmo patamar do que veio antes. Ao invés disso, eles são versões castradas desses personagens clássicos. Edward não tem dentes de vampiro, brilha no sol em vez de queimar. Ah e ele não bebe sangue humano. Ele já superou isso. Duh. Harry Potter não só faz o melhor para retribuir às histórias de fantasia que vieram antes, como também contribui para a coletânea com novos personagens e mais detalhes sobre suas origens. Eles são elfos, gigantes e centauros, tudo o que já é familiar, mas ao mesmo tempo, novinho em folha. Há algo agradável em um escritor aludindo às grandes obras. É melhor do que a alusão a 90210.
Speaking to Kids > Talking Down to Kids
Uma das coisas mais difíceis de se fazer é lidar com crianças. Educadores lutam com essa dificuldade constantemente. Se você tenta falar com crianças como se você fosse uma delas, você pode parecer condescendente, ou pior, estúpido. Isto é exatamente o que faz Crepúsculo. Parece aquele professor que você tinha na escola que falava coisas como “cara” e “tubular” e “você curte?” Este é o hi-hop do vovô. Harry Potter nunca subestima ou poupa sua audiência, muitas vezes colocando sentimentos comuns da juventude, como perda, constrangimento sobre sexualidade, e amizade na vanguarda dos seus temas. Enquanto Potter está lutando contra Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado, ele também está lidando com relações complicadas, sofrendo devido ao ciúme e a mentira. Ainda que Potter lide com coisas que um garoto da sua idade nunca deveria lidar e provavelmente nunca lidaria, ele nunca se sente mais velho do que é. Por outro lado, os personagens de Crepúsculo estão presos em caricaturas, meros arquétipos sem nenhuma voz real ou singular.
Cedric Diggory > Edward Cullen
Quando Crepúsculo começou a ganhar uma imensa base de fãs, foi instantaneamente intitulado como o novo Harry Potter. Então, o elenco do primeiro filme foi anunciado, e surpreendentemente, o mesmo cara que desempenhou um papel bastante proeminente de um personagem em Harry Potter e o Cálice de Fogo foi nomeado para fazer o papel principal de Crepúsculo. O nome do ator, como vocês sabem, é Robert Pattinson. Em Harry Potter, ele interpreta Cedric Diggory, um carismático e honesto veterano em Hogwarts. Pattinson interpretou esse garoto exatamente como deveria ter feito, usando de sua bela aparência com limite o suficiente para fazer do personagem um personagem crível e simpático. A atuação de Pattinson em Crepúsculo é outra história completamente diferente. O cara parece estar constipado na maior parte do filme, e a sua natureza fria está mais para artificial do que real. Quem sabe? Talvez algo tenha se perdido no sotaque americano, ou talvez ele não estivesse apto para um papel de protagonista. Tudo o que eu sei é que ele interpretou um cara morto muito melhor em Harry Potter do que em Crepúsculo.
Best Buy Effects > Wal Mart Effects
Se eu pudesse, eu incluiria apenas duas palavras a esse título: caras brilhantes. Não há sequer um exemplo mais patético dos efeitos especiais de Crepúsculo do que as caras brilhantes da família Cullen. Mas falar assim esconderia os outros efeitos especiais horríveis que eles fazem. Há, claro, o efeito “velocidade da luz” quando qualquer um dos personagens vampiros voa. E pior ainda, a cena da árvore, em que Bella viaja nas costas de Edward enquanto ele voa até uma árvore em seu quintal. Sou o primeiro a admitir que a computação gráfica nos dois primeiros filmes de Harry Potter foram cômicos, mas os filmes têm evoluído muito bem. Veja Harry Potter e o Cálice de Fogo para algumas sequências incríveis durante o Torneio Tri-Bruxo, ou a batalha final de Harry Potter e a Ordem da Fênix, entre Dumbledore e Voldemort. Os filmes tomaram posse da fonte de natureza épica (os livros), enquanto Crepúsculo aparece de forma flácida, dependendo de efeitos especiais tirados da caixinha de descontos de uma loja de 1,99.
Hermione > Bella
Vamos admitir. Claro, Kristen Stewart tem seus dias, mas Emma Watson tem mais. Nós a vimos crescer de uma bruxinha esnobe e com cabelo frisado a uma bruxa de olhos bem abertos, e sim, ela ainda é um pouco mandona, mas essa não é a melhor parte? Ninguém gosta de uma garota patética que se atira para cima dos caras. Todo mundo quer um desafio. Esse é o mundo em que vivemos. Nós queremos o que não podemos ter, e Hermione está disposta a não nos deixar tê-la. Ela está disposta a jogar seus joguinhos de bruxa. O pobre Rony Weasley fica se perguntando “ela tem problema?” enquanto o pobre Edward Cullen está preso em um relacionamento do qual eu tenho certeza que ele se arrepende.