quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Réquiem da virtudes


Escrevo sem saber como fazê-lo. Quinze segundos diante do branco, ponderando se eu ainda saberia como exprimir em tinta e papel, meus sentimentos. Tudo está tão bagunçado. Sinto que o desencaixe é forte e persistente. Como uma maldição rogada ao vento, mas certeira em intenção. Falta-me acreditar na possibilidade otimista. Oh, céus! Como já fui otimista e romântico! Na glória dos meus dias, gritava em vermelho num campo florido. Tudo vem pesado e não sei como descarregar. Não quero parecer alheio à dor restante no mundo, mas infelizmente só conheço a minha e percebo a existência de uma próxima a mim. Reconheço a dor como uma companheira de anos, vã e pagã; senhora mundana. Eu me sinto seco; sim, seco de lágrimas, de afeição, de admiração, de qualidades, de tudo.
Tenho outra companheira agora: a dúvida. Ela me envenena. Céus, como sou terrível! Duvido de mim, duvido dos outros, duvido da dúvida, duvido do “enfim”. Meus sorrisos são falsos e amarelados, para guarnecer meu instinto, camuflar minha raiva. Já vejo: Falta-me talento. Perdi este também em mais uma das minhas caminhadas tortuosas e atrapalhadas. Céus! Estou clamando! Numa parede de olhos eu atiro meu torpor, minha paciência, minha tolerância; mas, brado que as quero de volta.
A forma; será que este grito a tem? Sim, isto não é um texto; é só mais um dos meus gritos silenciosos, fruto dos meus pomares em putrefação, das minhas idiotices. E Céus! Sou escorpião! Sou vingativo, terrível, intolerante, imbecil, covarde, hiperbólico em crise, impaciente, obscuro, frio, calculista, cheio de ódio, de horror! Mas veja isto: sou emotivo, sensível, perceptivo e o mais incrível, eu amo. Não há nada de muito bom em mim; verdade incontestável. Será que consigo ver isto de um panorama completo? Busco respostas a perguntas que crio (mais um idiota, mestre das ilusões, das idealizações).
Incrível, preciso dar suporte à psique de quem amo, sendo que a minha é completamente avariada. Ironias do amor, quem pode evitá-las? Aliás, o amor, quem pode evadir deste menino travesso de arco certeiro em busca de sangrar corações? Eu te peço perdão, meu amor. Eu te imploro absolvição. Provavelmente você apenas foi vítima da minha vaidade, do meu ego avantajado. Quem sou eu para julgar tuas escolhas se nem consigo entendê-las? Se a situação se invertesse, como você agiria? Dói-me te ver sofrendo, carregando atribuições por minha causa e mesmo com isso eu não consiga simplesmente fazer tudo evanescer. É tão insensato da minha parte, tão infantil. Será esse o peso de um coração partido?
Suicídio? Ridículo! Que assassinato imbecil. Quantas pessoas eu mataria ao me matar? E como aprendi com o sábio, quem me garante que a morte é o fim de tudo? Oh, céus! Imploro-te sabedoria, paz de espírito, e a capacidade de perdoar a si, para mim e para quem amo. Pode ver, meu amor? Tu és vítima da minha busca desnaturada e desatinada pela ostentação estética e pessoal. A culpa é minha, o peso é meu. E acho que vou dissipar-me de ti, com ele.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Confissões de um viajante do infinito



Muitos dizem que sou apenas mais um a tentar,
que vou acabar como tantos outros,
dizem que sonho em demasia
e aconselham-me a parar e a ficar por aqui.
mas o que os sonhos tem de belo,
não é o destino mas a viagem.
e quando me dizem que sou apenas mais um a tentar,
respondo sou apenas mais um a acreditar!
a sorte protege os audazes

Se algumas pessoas se afastarem de você, não fique triste. Isso é resposta da oração: "livrai-me de todo mal, amém". - Caio F Abreu


Não me lembro mais qual foi nosso começo. Sei que não começamos pelo começo. Já era amor antes de ser. - Clarice Lispector

Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim - Clarice Lispector